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Cf. Como se diz “jeitinho brasileiro” em inglês? – Parte 1
Cf. Como se diz “jeitinho brasileiro” em inglês? – Parte 2
DANDO UM JEITO – Parte 3
Só para finalmente terminar (prometo), quero compartilhar uma história interessante que aconteceu comigo muito recentemente. Completei XX anos no meu aniversário. (Não, não vou me gabar da minha experiência, sabedoria e maturidade. Por isso fica nos XX. E que redundância! “Completei XX anos no meu aniversário.” Quando mais se pode completar anos?). Quando? No dia 24 de outubro, para aqueles que querem anotar nas suas agendas para me dar um presente. E isto coincidiu com o vencimento da minha carteira de habilitação, precisando, portanto, renovar o meu exame médico.
Só que havia um pequeno detalhe: a minha pontuação, por causa das multas, está uma vergonha. Tanto que nenhum Transit Authority* ou Detran do mundo renovaria minha CNH, em qualquer língua. Fui ao Detran e recebi um formulário para preencher, para poder recorrer e apresentar minha defesa. O formulário era daqueles que exigiam um montão de dados do tipo qual foi o meu primeiro animal de estimação e quando morreu (e de quê), a cor dos olhos do meu bisavô e outros dados pertinentes. Sendo um covarde nato quando se trata de qualquer órgão cujo nome é composto de siglas, fui correndo consultar meu despachante. O diálogo eu reproduzo a seguir.
Despachante: Qual é a sua defesa?
Michael: Nenhuma – respondi, com toda eloqüência que me é peculiar.
Despachante: Não pode transferir as multas e pontos para outra pessoa? – quis saber.
Michael: Só para meu filho que mora nos Estados Unidos. Ele até aceitaria arcar com os meus pontos.
Despachante: Ele tem firma aqui?
Michael: Não, só lá. De pinturas. Chama-se Jacobs Painting.
Despachante: Não, quero saber se tem firma, para reconhecer a assinatura dele.
Michael: Não tem.
Despachante: E lá, nos Estados Unidos?
Michael: Acho que deve haver alguma maneira de notarize sua assinatura. Mas ele mora em Colorado. Acho que deverá ir até Los Angeles, onde fica o consulado mais próximo.
Despachante: Está ficando complicado… Acho melhor você consultar o setor de procurações do cartório para se informar, pois é melhor ele te dar uma procuração dando-lhe plenos poderes para o senhor exercer e responder para todos os efeitos e atos dele perante o Detran no Brasil – concluiu.
Fui até o cartório e, após explicar com toda clareza ao escrevente, este pensou e sugeriu: “Você tem um bom despachante? Acho melhor consultá-lo.” Fiquei sentado, pensativo, por cinco minutos. E fui novamente procurar meu despachante.
Michael: Qual é o pior cenário se não recorrer?
Despachante: Podem suspender sua carteira por alguns meses e mandar você fazer um curso de reciclagem. Não tem custo, mas dura 20 horas.
Então, gentil leitor que agüentou esta crônica até aqui, é isso que vou fazer agora, em vez de pedir para meu filho fazer uma viagem de não sei quanto tempo e gastar não sei quantos dólares. Afinal, sou culpado mesmo. Por que não assumir?
Há um ditado popular em inglês que é: honesty is the best policy. Não sei se há um ditado perfeito que corresponda em português, mas serve este: “A honestidade é a melhor forma de vida.” Certamente, no meu caso, é a mais barata, e mais simples – that’s for sure, com a vantagem de que posso dormir tranqüilo à noite.
Mas, há um “porém”. Can anyone give me a lift? Ou seja, “alguém pode me dar uma carona?”. Lift é mais comum na Inglaterra. Nos Estados Unidos, estaria mais para ride.
I need a ride (preciso de uma carona).
—
* Transit Authority nos Estados Unidos; MOT – Ministry of Transport na Inglaterra.
Referência: “Como melhorar ainda mais o seu inglês” de Michael Jacobs – Editora Campus/Elsevier, 2003. Compre na Disal.
RT @teclasap: Como dizer “jeitinho brasileiro” em inglês? – Parte 3 http://tinyurl.com/74l7yx
Somente hoje, um ano após a publicação do post, que li essa análise de como traduzir “jeitinho brasileiro”. Bom, inspirado na história desta última parte, me lembrei de uma frase que sempre ouço de um tio meu, que acho que representa bem o caso descrito: “Não há jeito certo de fazer a coisa errada”.
Abraço Ulysses!
Leandro,
Obrigado pelo interesse no Tecla SAP e pelo comentário. Volte mais vezes.
Abraços a todos
Assim também, “qual é o pior cenário” não está errado, mas soa para mim como uma tradução literal da expressão “worst scenario” em inglês. O que os brasileiros normalmente perguntam numa situação como essa é “qual o pior que pode acontecer” ou, numa frase mais formal, “qual a pior consequência” ou “o que pode acontecer de pior”.
Emilio,
Tudo bem? Concordo com a sua observação. Como o trecho em questão foi publicado em livro, não farei alteração no texto.
Abraços a todos
“honesty is the best policy”
Bem, eu sempre ouvi o ditado “A honestidade é a melhor política”
Sou o único?
Bruno,
Obrigado pelo interesse no Tecla SAP. Vejamos se mais gente concorda com a sua solução.
Abraços a todos
ulisses, não seria “notArize” ao invés de “notOrize”?
abraço
Adriano,
Obrigado! Já foi feita a correção no texto.
Abraços a todos