Tempo de leitura: 5 minutos
by Ulisses Wehby de Carvalho
Contexto é tudo!
Entenda a importância do contexto
É impressionante o número de perguntas do tipo “Como se diz ‘tal coisa’ em inglês?” que são feitas na seção de comentários dos 4.600 posts do Tecla SAP. Embora o questionamento demonstre interesse legítimo, o que muitos estudantes não percebem é que, instintivamente, acabam criando a expectativa de que existe uma conexão direta e estática entre as palavras, como se houvesse uma relação biunívoca entre elas.
Relação biunívoca
Relação o quê? É isso mesmo, biunívoca. Para quem não se lembra das aulas de matemática, uma relação biunívoca é aquela que associa, a cada um dos elementos de um conjunto, um único elemento de outro conjunto, e vice-versa, como na Figura 1 abaixo.
Palavra só existe em um contexto
É natural que, ao começarmos a estudar uma língua estrangeira, façamos esse tipo de associação. Que atire a primeira pedra quem, conscientemente ou não, nunca pensou assim. Acontece que, na prática, nenhum termo existe em um fundo cinza estéril. Palavra só é palavra de verdade quando está dentro de um contexto. Tomemos como exemplos três situações distintas, como na Figura 2.
Contexto esportivo / tênis
Vejamos agora o que acontece com os mesmos vocábulos do exemplo inicial (Figura 1), agora inseridos no contexto esportivo (Figura 3), mais especificamente no mundo do tênis. Observe as possíveis alterações de sentido.
É lógico que “pegador” aqui não é o rapaz namorador que faz muito sucesso com as garotas. 😉 Trata-se de “BALL BOY”, o “pegador de bolas” no tênis. Quanto a “LOVE” querer dizer “zero”, confira o post Vocabulário: Zero publicado aqui no Tecla SAP. Mudemos de contexto mais uma vez e vejamos o que acontece no próximo caso.
Contexto político
Aí você me pergunta: Quer dizer que “HOUSE” no contexto político significa “câmara (dos deputados)”? Então “WHITE HOUSE” é “Câmara Branca” por acaso? Eu respondo: não caia na mesma armadilha! É claro que “WHITE HOUSE” sempre foi e continuará sendo “Casa Branca”. Não se esqueça, no entanto, de que “HOUSE” pode ser “casa” ou, entre outras acepções, “Câmara”. Jamais se esqueça de que as relações entre os elementos de um conjunto com os do outro conjunto são muito voláteis. Em outras palavras, são relações de curtíssima duração. Está começando a entender onde quero chegar? Observemos mais um quadro:
Contexto genérico / informal
Ao encerrar uma carta para parente ou amigo próximo é comum usarmos a palavra “LOVE”. Nesse contexto, podemos afirmar que “LOVE” é equivalente a “beijos”. Consulte os posts “Vocabulário: Abraço” e “XOXO: o que significa “XOXO” em inglês?” para ler mais sobre o assunto. Em frases como “Oh boy, it’s cold in here!”, “BOY” passa a ser uma interjeição que indica surpresa, indignação, alegria etc. Poderíamos traduzi-la por “caramba”, “minha nossa” ou outra locução sinônima. Eu até poderia adicionar mais um ingrediente a essa salada se eu fosse falar de regionalismo, ou seja, “BOY” poderia, nesse caso, ser “Vixi!”, “Rapaz!”, “Caraca!”, “Meu!”, “Bah!”, “Eita!”, dependendo, é lógico, da região do Brasil em que você se encontra. Mas regionalismo fica para outro post.
Se a tese é válida até mesmo para palavras elementares como “LOVE”, “HOUSE” e “BOY”, o que dizer então de “POWER”? Como traduzir “POWER BOAT”, “POWER DRILL”, “POWER OF ATTORNEY”, “POWER STEERING” e “POWER SUPPLY” só com uma palavra em português? Simplesmente não dá. Há ainda “BREAKTHROUGH”, “EMPOWERMENT”, “TAKE FOR GRANTED”, entre muitas outras expressões que acabam gerando dificuldades quando são transpostas para o nosso idioma. Acontece que todas, invariavelmente, têm tradução! Clique nos links para conferir as soluções dadas por Isa Mara Lando, em seu excelente VocabuLando, ferramenta indispensável para quem leva a sério o estudo de inglês e a tradução. Infelizmente, não é sempre a mesma palavra, como acreditam alguns. As traduções serão feitas cada hora de um jeito, ou seja, cada contexto requer uma solução diferente.
Conclusão
Espero que você tenha compreendido que os idiomas não são códigos que possuem símbolos análogos que podem ser simplesmente substituídos uns pelos outros. Se fosse assim, os softwares de tradução automática já teriam dado aos tradutores de carne e osso o mesmo destino que a calculadora deu ao ábaco. Em suma, estudar inglês é muito mais do que criar uma tabela de duas colunas no Word!
Lembre-se, portanto, das próximas vezes que perguntar o significado de palavra ou expressão, de dizer em que contexto você a ouviu/leu ou em que situação gostaria de empregá-la. Faça o mesmo na hora de guardar os significados de palavras e expressões novas no seu banco de dados mental.
Se até a matemática, uma ciência exata, tem um símbolo para indicar aproximações (aquele sinal de igual com o til em cima, lembra?), é loucura imaginar que as línguas, maleáveis por natureza, seriam precisas e estáticas. Mas são justamente a aparente incoerência e a constante imprevisibilidade suas características mais encantadoras. Qual seria a graça de somar 2 + 2 se o resultado sempre fosse 4? 😀
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Referência
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[…] não tem gênero explicitamente definido no filme. Não posso eu, mera tradutora, estragar o contexto. Vai ficar: “Eu agradeço”. É, nem um simples “obrigado/a” sai ileso após […]
[…] Responda rápido: como você diria “receita” em inglês? Se sua resposta não foi uma outra pergunta – Em que sentido? – sua probabilidade de acerto foi muito pequena. A explicação se deve ao fato de termos diferentes vocábulos em inglês para designarmos “receita” (Cf. Contexto é tudo! Entenda a importância do contexto.). […]
Felipe, tudo bem?
Sábias palavras! 😉 Obrigado pelo interesse no Tecla SAP e pelo comentário. Volte mais vezes.
Abraços
[…] O termo millennial sempre foi utilizado com o significado de “milenar”, ou seja, aquilo que se refere ou pertence a um determinado milênio. Mas o termo também tem sido muito utilizado nos últimos anos (principalmente no plural – millennials) para indicar aqueles que nasceram por volta de 1980 a 1990, e que, portanto, iniciaram sua fase jovem/adulta juntamente como o início do milênio em que estamos. Ou seja, seria a chamada Geração Y. Mas atenção: dependendo do foco do texto que você estiver lendo, o termo millennial pode indicar tanto pessoas do mundo todo como apenas cidadãos norte-americanos. Então, é sempre bom ficarmos atentos ao contexto. […]
[…] Antes de contar o mais recente capítulo dessa saga, não posso me esquecer de dizer que o assunto que abordamos hoje também foi retratado em detalhes no post “Contexto é tudo! Entenda a importância do contexto.“. […]
[…] Cf. A importância do contexto […]
[…] disso, na hora de traduzir a dupla teenager x adolescent para o português, preste atenção ao contexto: teenager é um termo um pouco menos formal do que […]
[…] Cf. A importância do contexto […]
[…] Cf. A importância do contexto […]
[…] Cf. A importância do contexto […]
[…] Cf. A importância do contexto […]
[…] Cf. A importância do contexto […]
[…] Como se trata de uma expressão muito difundida na internet, muitas vezes não há necessidade de traduzi-la para o português, e as pessoas acabam usando em inglês mesmo. Então, fique esperto: o que vai determinar se você deve usar o termo em inglês ou português é o contexto. […]
[…] como o Google Translator. São necessários alguns cuidados, é claro, explicados em “A importância do contexto” e “Google: como fazer pesquisas para tirar dúvidas de […]
Bruno, tudo bem?
Em português, não; em gauchês! 😉 Sua dedução está correta. Volte sempre!
Abraços
[…] Cf. A importância do contexto […]
[…] Cf. A importância do contexto […]
Marlon, tudo bem?
Muito obrigado mesmo pelas palavras tão simpáticas. É sempre muito legal saber que o conteúdo do blog está sendo bem aproveitado, mas não se esqueça de que o mérito por ter interesse e se esforçar para ler o material é só seu!
Volte sempre! Valeu!
Abraços,
Great!!! Eu leciono inglês para duas sobrinhas minhas, uma de onze e a outra de doze. O parentesco facilita e dificulta a aprendizagem ao mesmo tempo. A intimidade faz com que elas me façam mais perguntas do que fariam a um professor “normal”. Quando elas me perguntam: Como se diz… em inglês? Eu sempre começo com a frase, depende do contexto, mas nesse caso…. Complicado né… rs..
Ótima leitura! Em minha monografia, nos termos “estratégias para ensino-aprendizagem de inglês”, discuto ações contextualizadas. As dicas Tecla SAP enriquecem cada vez. Obrigada!
Verenice, tudo bem?
Obrigado pelo feedback simpático. É sempre bom saber que tem gente ligada! 😉 Volte mais vezes…
Abraços