Emily Dickinson: My River runs to thee

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Emily Dickinson

rioMy River runs to thee –
Blue Sea! Wilt welcome me?
My River wait reply –
Oh Sea – look graciously –
I’ll fetch thee Brooks
From spotted nooks –
Say – Sea – Take me!

Meu Rio corre para ti –
Mar Azul! Tu me recebes?
Meu Rio espera a resposta –
Oh, Mar! – Olha com graça –
Para ti levo os regatos
Dos recantos sombreados –
Oh, Mar! – Responde – Me abraça!

Comentários de Tradução

My River runs to thee
Meu Rio corre para ti

Dizem que o primeiro verso é soprado pelos deuses; os demais versos o poeta (ou o tradutor) tem que suar para conseguir. “Meu Rio corre para ti” é um verso inicial promissor, bem natural, que abre as portas amplamente para o restante da tradução.

Blue Sea! Wilt welcome me?
Mar Azul! Tu me recebes?

Wilt é a forma de will (auxiliar do futuro) usada com thou, o antigo pronome de segunda pessoa.

Oh Sea – look graciously
Oh, Mar! – Olha com graça

Ou seja, olha com complacência, com misericórdia. A expressão em português, embora não de uso corrente, tem sabor bíblico. Por exemplo, em Gênesis 6:8, “Noé encontrou graça perante os olhos do Senhor”.

Say – Sea – Take me
Oh, Mar! – Responde – Me abraça!

“Oh, Mar!” foi trazido para o início do último verso, tornando-o paralelo ao verso 4 – ambos começando com “Oh, Mar!”. Outra liberdade foi acrescentar pontos de exclamação nos dois “Oh, Mar!”. Todas essas alterações visam dar mais coerência interna ao poema em português, mais ritmo e mais comunicação.

Referência: “Loucas Noites / Wild Nights – 55 Poemas de Emily Dickinson“, Tradução e Comentários de Isa Mara Lando, Disal Editora, 2010. Leia a resenha.

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Jonas
Jonas
12 anos atrás

Prezado Ulysses, lindo o poema. Apenas uma sugestão quanto ao emprego do termo ‘graça’ no âmbito bíblico. Noé não experimentou exatamente ‘misericórdia’ ou complacência da parte de Deus. O sentido de ‘graça’ a ele aplicado seria melhor renderizado como ‘apoio’,’suporte’, ou mesmo ‘solidariedade’.No universo da Teologia, o termo ‘graça’ é mesmo daqueles que pregam surpresas da mesma forma que o uso bíblico do ‘broken’ o faz. Obrigado pelo espaço para manifestar essa opinião.

Jonas Santos
MDiv – Vose Seminary, Australia