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Todo trabalho de tradução simultânea é especial, mas alguns são mais especiais que outros. 😉 Costumo dizer que o intérprete é, na verdade, um engenheiro que constrói pontes entre duas culturas. Ele estabelece o elo entre duas ou mais pessoas que não conseguiriam se comunicar de outra forma. Na grande maioria das vezes, no entanto, facilitamos a comunicação entre indivíduos que têm entre si diversas semelhanças, apesar da evidente barreira linguística. Não foi o que aconteceu na semana passada.
Em virtude da Rio+20, muitas autoridades de diversos países vieram ao Brasil. Na semana anterior à conferência sobre o ambiente, tive o prazer de trabalhar como intérprete acompanhando uma delegação estrangeira em uma série de compromissos no sul da Bahia. Uma das atividades era a visita à Reserva da Jaqueira, uma aldeia indígena da tribo Pataxó, localizada nos arredores de Porto Seguro. É evidente que a cacique Nitynawã Pataxó, que aparece na foto abaixo, falou em muito bom português. Muito clara em sua exposição, não tive dificuldades para transmitir suas palavras aos convidados estrangeiros que ouviam atentamente.
A modalidade que utilizei foi a interpretação simultânea com o uso de equipamento portátil. Na foto seguinte, podemos ver claramente o receptor sem fio na cintura do cacique Aruã da aldeia Pataxó de Coroa Vermelha, presidente da Federação Indígena das Nações Pataxó e Tupinambá do Sul da Bahia. A colega que aparece na foto é Patrícia Pick, minha amiga pessoal e também minha sócia no EIC – Escritório de Intérpretes de Conferência.
Cf. Tradução Simultânea: O equipamento portátil
São experiências como essa que me fazem sentir orgulho da profissão que abracei há quase 20 anos. Em um mundo com tanta confusão e mal-entendidos, dar uma pequena contribuição para fazer gente se entender é muito gratificante. Nada supera a sensação do dever cumprido. Awery! (“Obrigado”, na língua pataxó.)
Embarco dentro de mais algumas horas para Chicago para fazer, adivinhe, outro trabalho especial. Depois eu volto para contar como foi. Até breve!
Cf. Simultânea no Palácio dos Bandeirantes
Cf. Simultânea do show do Marco Luque
[…] Cf. Tradução simultânea em aldeia indígena […]
Estou no 1º ano de tradutor e Interprete, acho maravilhosas as conexões que podem ser feitas entre várias culturas diferentes. É uma pena que haja tão poucos relatos públicos sobre esta profissão e uma dificuldade de interação tão grande neste mundo fechado de tradutores e interpretes. Muito obrigada por compartilhar sua experiência conosco, é fantástico. Parabéns.
Rosi,
Tudo bem? Obrigado pelo comentário. Nem todos os eventos são públicos e não cabe aos intérpretes decidir o que pode e o que não pode ser divulgado. Daí o cuidado, muitas vezes confundido com segredo.
Abraços a todos
É uma profissão maravilhosa, realmente, especialmente em momentos como esse. Parabéns mais uma vez pelo belo trabalho!
Incrível, Ulisses. Parabéns pelo trabalho. São relatos assim que nos dão energia para seguir em frente.
Nossa, que incrível! Este é o meu sonho como intérprete: dar voz à sabedoria das tribos indígenas do Brasil. Muito legal saber que há profissionais do bem fazendo isso. 🙂
que bárbaro, Ulisses! parabéns!
Falta 1 ano e meio para terminar minha faculdade de Tradutor e Intérprete e cada vez que eu vejo uma matéria como esta, fico mais certa de que amo esta profissão e darei o meu melhor em cada trabalho!
Há 6 anos atrás tive a oportunidade de conhecer esta tribo indígena, quando estive a passeio em Porto Seguro. Eles tem feito um trabalho muito legal de resgate da cultura Pataxó. Deve ter sido gratificante fazer este trabalho.
Danilo,
Foi mesmo uma experiência incrível para mim. Não consigo descrever a sensação que vivenciei naqueles primeiros momentos em que entramos na reserva. Fiquei muito “besta”… 😉
Abraços a todos