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Aconteceu de novo! Recebi hoje mais um e-mail com um pedido relativamente comum. A mensagem começa com um elogio, que antecede o pedido, mais ou menos assim:
…recebi convite para fazer tradução simultânea em um evento na semana que vem. Como nunca fiz isso antes, você poderia me dar algumas dicas?
O que é mais surpreendente nesses pedidos é o fato de eles virem de pessoas que têm, supostamente, conhecimento linguístico diferenciado. Podem ser professores de inglês, alunos ou professores de cursos de Letras, secretárias bilíngues etc. Até admito que os leigos possam acreditar que basta saber dois idiomas para uma pessoa se tornar intérprete, mas não esperaria essa atitude de profissionais de áreas afins.
Cf. Como ser tradutor e intérprete?
Nunca é demais repetir, portanto, que dominar dois idiomas é apenas pré-requisito para se tornar intérprete de conferência. Observe que escolhi o verbo “dominar” de propósito. “Dominar” é mais do que “saber”, “manjar”, “ser fera”, “ser fluente” etc.
Façamos uma analogia simples para facilitar as coisas. Para dirigir um automóvel, precisamos ter dois braços, duas pernas, boa visão etc., mas tem que fazer o curso na auto-escola também, ou não? Se nem todo mundo que tem dois braços e duas pernas “vira” motorista, por que alguns bilíngues acham que podem ser intérpretes só com algumas dicas? Onde entra o curso?
Acreditar que vai fazer tradução simultânea só porque se interessa pela área é de uma ingenuidade ímpar. Pensar que vai aprender com algumas dicas por e-mail é ainda mais impressionante.
Cf. Tradução Simultânea Profissional x Quebra-galho
Cf. Pseudo-Tradução Simultânea? O que é isso?
O que fazer então se você acha que leva jeito? Tirem as crianças da sala porque a resposta pode chocar os mais sensíveis: já pensou em fazer um curso, *%$&*^#%??? A desculpa de que não há curso em sua cidade não serve. Sabemos muito bem que não é qualquer cidade brasileira que tem cursos de arquitetura, mecatrônica, veterinária ou linguística, por exemplo.
Quanto ao evento da semana que vem, já pensou em contratar um(a) intérprete profissional? Tenho certeza de que ele/a poderá dar várias dicas e recomendar um bom curso de formação.
Cf. Artigo: Sabe inglês? Vire intérprete…
Cf. Artigo: Como arranjar trabalho (de tradução simultânea)?
Como sempre, falou tudo, Ulysses! Acho isso um desrespeito a nós, que estudamos para tanto. E olha que eu estudei, mas mesmo assim me borro só de pensar em interpretar profissionalmente.
Mara, como vai?
Obrigado pela contribuição. Deveria ser óbvio, mas não é… 😉 Volte sempre e comente mais vezes.
Abraços
Ulisses,
veja essa matéria sobre as gafes de tradução na Copa do Mundo, envolvendo a seleção da Espanha:
http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2014/06/11/espanha-troca-interprete-mas-traducao-falha-de-novo-eles-explicam.htm
E difícil de entender que num pais do tamanho do Brasil so haja uma instituição especializada na formação de interpretes – a Alumni – Não existem outras escolas de Inglês habilitadas no assunto?
Opaa, isso eh verdadee, eu faço curso de tradutor e interprete, e meu professor me disse q nao eh facil e nem eh qualquer um q tem capacidade de fazer uma interpretação simultanea !
Fabrício,
Tudo bem? Seu professor tem razão. Sem ter feito curso então fica ainda mais difícil.
Abraços a todos
Não concordo muito não. O que está parecendo é que vc está sempre ajuizando em causa própria, se autopromovendo e meio que defendendo o seu campo de trabalho. Algo do tipo: “ao-invés-de-contratar-um-curioso-me-contrate-pois-eu-sou-o-profissional”.
Toda profissão, sem exceção, começa com a dedicação de um profissional inexperiente. Com o tempo, experiência e aperfeiçoamento, ele consegue evoluir e se estabelecer. Não existe um manual do tipo “How to” para se tornar intérprete. Mesmo os cursos, não são conclusivos e definitivos. 70% da expertise é o seu esforço pessoal e experiência. E experiência, só com o tempo e com oportunidades de trabalho. Defendo com isso o ingresso de pessoas sem muita experiência SIM, mesmo com erros e gafes, mas que realmente queiram ingressar na profissão. Essas mesmas pessoas, com o devido tempo, serão os intérpretes profissionais e experientes de amanhã.
É fundamental dominar o vocabulário e se informar (estudar previamente)sobre o tema a ser interpretado para evitar equívocos como o do exemplo do silicone com o Vale do Silício. Isso é fundamental. De resto, o óbvio domínio da língua em si + volume de trabalho.
Rambo,
Tudo bem? Obrigado pelo comentário. Você está confundindo o debate “profissional experiente” X “profissional inexperiente” com outro, que é o do “profissional” X “curioso”.
Se você acha que está parecendo que estou advogando em causa própria, você se engana novamente. Estou advogando em causa da categoria profissional a que pertenço.
Eu não hesitaria nem um segundo em afirmar um milhão de vezes: “Em vez de arranjar um curioso, contrate um profissional!”. A mesma lógica se aplica ao contador que vai fazer a sua declaração de IR, ao encanador que vem consertar o vazamento, o eletricista que vai trocar o quadro de luz etc.
Abraços a todos
Parabéns, Ulisses. Eu não me atreveria a fazer tradução simultânea. Tem que ter raciocínio rápido e domínio completo dos dois idiomas. Por isso, meu caro Ulisses, bato palmas para você e para quem sabe. Um abraço.
Há pelo menos 20 anos que me dedico como auto-didata e há 7 destes que me dediquei a parte de conversação, e digo-lhes tenho vontade de fazer um curso de intérprete no futuro, mas adimito que é muito complicado se aventurar em tradução simultânea. Participei de um seminário de Geoparques e presenciei um equívoco do tradutor, era um Irlandês, sotaque carregado e o tradutor trocou o vale do Silício salvo me engano com o silicone, o fato é que estava falando de geologia, do silício, foi uma risadagem boa, mas o tradutor era muito bom, isso acontece. Falar inglês fluente, não signifca ser um bom intérprete. mas também nada como um bom curso e prática para resolver e muita dedicação, e devorar livros que não venha suprir esta carência. Ademais só parabenizar o artigo e o teclasap já está divulgado também no Facebook para mais de 2.000 membros, Google +1 também. Ulisses você StumbleUpon?
Ulisses
Concordo em gênero, número e grau com suas colocações. Acabei de me formar como tradutora pela Alumni (somente tradução, não fiz interpretação ainda, justamente por ser dificil e eu não atingir os pre-requisitos deles). Ser professor de inglês ou saber inglês definitivamente não é a mesma coisa de ser tradutor…ou saber fazer fazer qualquer trabalho envolvendo dois idiomas não é fácil “só porque sabemos ou DOMINAMOS” os dois idiomas em questão. É um tabu que deve ser quebrado o quanto antes!!!!!!
Há cursos bons de tradução sim, basta ter vontade, disposição, dinheiro para investir e disciplina para ter sucesso!
Abraços
Ana
Prezada Ana Elisa, se você puder me enviar o endereço de algum curso de tradução, fico-lhe grato.