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As palavras em inglês que você não precisa aprender
A flash in the pan
Calma! A flash in the pan não é expressão que você pode se dar ao luxo de desconhecer. Ela é só o pano de fundo da introdução a seguir e da argumentação do texto. Prometo que tudo vai fazer sentido depois.
A inauguração
Fui contratado há poucas semanas para fazer um trabalho de tradução simultânea em uma cidade do interior de São Paulo. Eu iria traduzir a cerimônia de inauguração de uma fábrica de uma conhecida multinacional. As atividades estavam divididas em três etapas: uma coletiva de imprensa com os executivos da empresa, o descerramento da placa de inauguração e um almoço comemorativo. Durante o almoço, eu me sentaria entre o presidente da empresa, um cidadão americano, e o prefeito dessa cidade, que não fala inglês.
Vale observar que os intérpretes não se sentam à mesa quando traduzem durante almoços ou jantares de negócio. Ficamos sentados um pouco atrás das pessoas para as quais estamos traduzindo e, é claro, não comemos enquanto trabalhamos. Esta é a modalidade chamada de interpretação simultânea de cochicho. Mais sobre o tema em “Tradução Simultânea de Cochicho“.
Por conta de um problema particular, o prefeito acabou não participando do almoço. Eu e o colega que trabalhou comigo nesse dia seríamos, portanto, dispensados mais cedo. O presidente americano só iria fazer um brinde aos presentes – algumas palavras que levariam, no máximo, uns dois minutos – e mais nada para os intérpretes. Entre os convidados estavam os executivos da empresa, outras autoridades do governo municipal e os jornalistas. Nem todos falavam inglês. Nesse tipo de situação, a modalidade indicada é a consecutiva. Para entender a diferença entre simultânea e consecutiva, leia este texto e assista a este vídeo.
O presidente da organização americana não falou mesmo mais do que dois minutos. Em um dado momento, ele afirmava o compromisso da empresa com, entre outras coisas, o desenvolvimento da cidade e, se referindo à presença da companhia na região, diz o seguinte:
– It’s not a flash in the pan!
Traduzi em seguida da seguinte forma:
– Não é fogo de palha!
Um dos executivos da empresa, um jovem de uns 30 anos, mais ou menos, veio conversar comigo depois e disse que havia gostado da solução que eu tinha encontrado para a tradução da expressão. Ele me confessou que, apesar de ter morado alguns anos nos Estados Unidos, não conhecia o significado de a flash in the pan.
Referência: Top 100 – As cem melhores dicas do Tecla SAP de Ulisses Wehby de Carvalho, ©Tecla SAP, 2014.
Expressões novas x antigas
Até parece que escuto você se perguntando: o que isso tem a ver comigo? Eu explico.
Vejo com frequência comentários de leitores do blog que perguntam se determinada expressão é nova ou antiga. A crença generalizada é a de que não é necessário perder tempo aprendendo o que, na opinião de muitos, “não se usa mais”. Na realidade, a “idade” da expressão nem vem ao caso, simplesmente pelo fato de não termos como controlar o que diz nosso interlocutor! No caso que descrevi acima, eu não tinha a chance de dizer “Puxa, essa expressão é antiga…” ou “Ah, mas essa expressão é britânica…” ou qualquer outra desculpa. Se o orador falou e é inglês de uso corrente, pelo menos na cabeça dele, eu tenho de traduzir. Aliás, a flash in the pan não é uma coisa nem outra.
Digamos que você esteja participando do processo seletivo em uma empresa multinacional. Durante a entrevista em inglês, vamos supor que o seu futuro chefe é um senhor de mais idade natural da Suécia e que aprendeu inglês com a avó inglesa. Você diz: “Nossa, quanta criatividade, Ulisses!”. Eu respondo: “Calma, você já vai entender o porquê”. Qual é a probabilidade de ele usar uma gíria ultra moderna? Em suma, se o entrevistador perguntou, ou você dá uma resposta inteligente ou vai precisar imprimir mais currículos.
É claro que estou exagerando um pouco para causar um efeito dramático na minha argumentação. Minha carreira não estaria arruinada definitivamente se eu tivesse pisado na bola naquele almoço nem você deixaria de ser contratado por desconhecer uma expressão britânica antiga. Será? Na dúvida, é melhor não arriscar.
Vocabulário ativo x vocabulário passivo
Não seja seletivo na hora de ampliar seu vocabulário em inglês. A razão é simples: nem todos os termos que aprendemos farão parte de nosso vocabulário ativo, ou seja, as palavras que usamos quando produzimos textos escritos e orais. É tão ou até mais importante possuir um amplo e variado vocabulário passivo, em outras palavras, os termos que reconhecemos, mas não necessariamente serão usados quando estivermos falando ou escrevendo. Você precisa reconhecer o significado do que lhe foi dito (vocabulário passivo) para poder interagir (vocabulário ativo).
Cf. Como melhorar o listening? A dica que você nunca ouviu…
Já falei sobre o tema em outro post, “Por que preciso saber o que é “WOK”?“, mas, como a dúvida é recorrente, achei que deveria tratar da questão mais uma vez. Em suma, a sua curiosidade deve ser quase uma obsessão. De “arame farpado” a “chute de bico“, tudo pode aparecer na sua frente.
Defina “antigo”, por favor…
Nos comentários de um post que apresentava uma relação de várias expressões idiomáticas, um leitor me pede para indicar no texto quais eram antigas e quais são mais usadas. Não podemos nos esquecer de que o conceito de “antigo” ou “novo” é subjetivo. O que é obsoleto para um millennial pode não ser para um baby boomer.
Exceções óbvias devem ser feitas aos casos em que as palavras e/ou grafias caíram em desuso absoluto. Nem preciso dar exemplos porque Vossa mercê sabe do que estou falando.
Mais de um inglês people, pleeeease!
Nunca é demais repetir que inglês é o idioma oficial em dezenas de países em todos os continentes. São cerca de 400 milhões de pessoas que o falam como primeira língua. Dependendo de como o domínio do idioma é definido e medido, o número de falantes de inglês como segunda língua varia entre quase 500 milhões e mais de 1 bilhão de pessoas. Em “English as a Global Language”, o linguista David Crystal afirma que o número de não-nativos é três vezes maior do que o de nativos.
Supor que aquilo que vale em um lugar se aplica aos outros é de uma ingenuidade enorme. Outro dia mesmo um leitor do blog comentou que não costumava ouvir uma das duas opções que eu dava no post para verter para inglês uma palavra em português. A justificativa dele é a de que morava havia X anos no país Y e que “todo mundo” só usa uma das duas alternativas apresentadas. Acho impressionante morar tanto tempo no país Y e não se dar conta de que o inglês é idioma falado em n países. Aliás, tem letra para todos os gostos, de A de Austrália, a Z de Zimbabwe.
Cf. As diferenças entre o inglês britânico e o inglês americano
Repito: o que pode ter caído em desuso em um país, pode ser a última moda em outro. Não há, infelizmente, um termômetro preciso e infalível que meça esse sobe e desce da temperatura das palavras e expressões.
Aposto que você pensou no Google, acertei? Pois bem, “jogar no Google” e contar ocorrências não costuma dar certo. Escrevi um texto para orientar as pessoas a fazerem pesquisas avançadas no Google com o intuito de esclarecer dúvidas de inglês. Leia este post para saber como contornar o problema: “Como pesquisar no Google“.
Conclusões
Quando o assunto é ampliar o vocabulário, não devemos ser seletivos. Quem deseja de fato ter proficiência em língua inglesa deve estar disposto a assimilar o inglês falado e escrito nas diferentes regiões do planeta e por gente de todas as faixas etárias. Tenho certeza de que você já chegou à conclusão de que não existe lista de palavras que você não precisa aprender.
Para encerrar o texto de forma mais positiva, vale lembrar que, simplesmente pelo fato de aumentar o grau de exposição ao idioma em atividades de seu interesse, você naturalmente já estará em contato com as palavras e expressões mais úteis para você. Ao ler publicações da sua área de atuação profissional, ouvir as canções de seus artistas favoritos, ao assistir a filmes e vídeos que são de seu agrado etc., você estará contribuindo para a construção de um vocabulário afinado com as suas necessidades. Só não feche olhos e ouvidos para o resto.
Cf. Ferramentas
Cf. Autonomia não é só para autodidatas
Cf. O mico da professora de inglês que você deve evitar
Speak up! We’re listening…
O que você achou do texto sobre as palavras que você não precisa aprender em inglês? Nós do Tecla SAP queremos muito conhecer a sua opinião. Escreva, por gentileza, um comentário no rodapé da página. Muito obrigado pelo interesse!
Referência: Top 100 – As cem melhores dicas do Tecla SAP de Ulisses Wehby de Carvalho, ©Tecla SAP, 2014.
[…] Cf. As palavras em inglês que você não precisa aprender […]
very well written ….
Hi Flávia!
Thank you for the feedback. We really appreciate it.
Take care
[…] Cf. As palavras em inglês que você não precisa aprender […]
Então, eu tento me basear nos texto de jonais ou alguns livros que leio, tento me familiarizar mais naquelas frases que eu sei que um dia poderei usar, ou seja, no vocabulário ativo, pois há tantas coisas que devemos melhorar no vocabulário, q as x acho q é perda de tempo ficar memorizando uma frase ou palavra por algumas horas….enfim, o vocabulário passivo eu só anoto os dos jornais para poder compreender e melhorar o listening… Pq muitas coisas agente irá ter q usar a imaginação…e supor oq a palavra significa…
Márcio, tudo bem?
É isso aí. Esse “vício” é do bem… Obrigado pela visita e pela gentileza de comentar. Volte mais vezes.
Abraços
Cecília, tudo bem?
Muito obrigado pelas palavras gentis. Obrigado pela força na divulgação do trabalho.
Abraços
Isaque, tudo bem?
Muito obrigado pelos elogios em seu comentário. Na verdade, grande parte do conteúdo do Tecla SAP é escrito mesmo por terceiros. O crédito, é claro, é dado no canto superior direito dos textos e também no rodapé. Muita gente que acessa o blog com frequência sai lendo as publicações e eu acabo ganhando os louros sem os merecer… 😉
Quanto ao mapa, a Guiana está em destaque. É um azul bem claro, mas a indicação está lá. Clique na imagem para vê-la ampliada.
“Holy moly” é uma expressão “amptiga” mesmo. 😉
Volte sempre e escreva sempre que puder! Valeu!
Abraços
Curti.
Daniela, tudo bem?
Muito obrigado pelo comentário. O assunto da sua dúvida já foi abordado no texto: Como ser tradutor e intérprete? O link é este: https://www.teclasap.com.br/como-ser-tradutor-e-interprete/
Abraços
Muito obrigada Ulisses, realmente tirou minha dúvida e pretendo cursar a faculdade, pois me dará uma compreensão melhor e nada me impede de fazer um curso técnico para ampliar meus conhecimentos futuramente, muito obrigada mesmo!
Daniela,
Glad I could help! 😉
Abraços
Damn…the English language is a crazy stuff, isn´t it? I really need to improve my listening ASAP!!! Thanks for the hints.
Germano, tudo bem?
Obrigado pela visita e pelo comentário. Volte mais vezes.
Abraços
Olá Ulisses, tudo bem? você já viu o uso da palavra dear significando caro no sentido de expensive? E aproveitando ainda os dias de copa: como poderíamos traduzir “perna de pau” no futebol? Abraços e obrigada
Belo texto. Obrigado.
Eduardo, tudo bem?
Obrigado pelo comentário. Volte sempre!
Abraços
Tudo sim e você? Eu que agradeço descobri seu site a pouco tempo, mas estou sempre acompanhando as excelentes dicas. Abraço!