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Why English is simpler than Portuguese
Certa vez, enquanto viajava de avião sem ter ninguém ao lado para bater papo, li o aviso em português e inglês afixado na parte de trás dos assentos. Fasten seat belt while seated – Use seat cushion for flotation (“Mantenha os cintos atados enquanto sentado – Use o assento da sua poltrona como bóia”).
Uma tradução bem razoável, concluí. Não tendo muito a pensar naquele exato momento, mas sem perder a minha mania de analisar os nossos idiomas, resolvi contar as palavras de cada aviso. Resultado? Inglês 10 x 14 Português. Aí, deduzi que o português precisava de 40% mais palavras para dizer a mesma coisa (não precisa ser formado no ITA para concluir isso). Não contente, contei ainda as sílabas. Inglês 16 x 32 Português. O dobro!
Se até aquele momento a minha mente estava andando como se estivesse em segunda marcha, a partir de então ela começou a acelerar e engatei a quarta.
Já escrevi em algum lugar que o inglês é, até certo ponto, uma língua paradoxal. A maioria das palavras, pelo menos nos dicionários, deriva do latim e do grego. São palavras compridas, cheias de sílabas.
Só que, no inglês do cotidiano, utilizam-se palavras de origem anglo-saxônica. Curtas (mas não grossas), de poucas sílabas. E, no simples aviso à minha frente, havia uma prova viva disso.
Aí, comecei a me lembrar das queixas dos meus alunos. “Eu estudo inglês há tantos anos. Domino a gramática, entendo tudo o que os meus professores falam, mas, ao chegar ao exterior pela primeira vez, não entendo nada!” Acredito que, na análise do aviso do assento na minha frente, temos uma boa explicação para esse dilema.
Por ser o inglês composto de palavras curtas, é natural que se consiga emitir mais palavras em menos tempo. Claro, isso não é boa notícia para aqueles que têm dificuldade com a listening comprehension. Mas, pelo menos em grande parte, explica um dos motivos das dificuldades. Já nos textos escritos, mais eruditos, normalmente são utilizadas palavras latinas, muitas vezes similares às do português. Donde o fato de a maioria dos alunos dizer que ler é mais fácil que falar/ouvir.
Em contrapartida, vamos dar uma espiada num dos grandes discursos já feitos, The Gettysburg Address,* proferido por Abraham Lincoln em 19 de novembro de 1863 em… Gettysburg (Estados Unidos), claro. Esse discurso – calma, não precisa fechar o livro agora! –, que obviamente não vou reproduzir aqui, contém somente 268 palavras, dois terços das quais com apenas uma sílaba. O cúmulo da simplicidade.
Need I say more?
* Eu soube de um jornalista que mencionou esse discurso numa reportagem e recebeu a maior bronca do editor. Também, pudera: ele o traduziu como “O Endereço de Gettysburg”. Address, nesse caso, é “discurso”, mesmo.
Referência: “Tirando Dúvidas de Inglês” de Michael Jacobs, Disal Editora, 2003. Leia a resenha.
eu adoro estudar gramatica, mas não sou tão boa na leitura.
consigo entender bem, mas não falo bem (e tenho muito sotaque portugues, o que eu não gosto…)
tem solução?! rs
Josianne,
É claro que tem solução! Você já está a meio caminho andado por frequentar o Tecla SAP… 😉 Agora sério, comece não colocando uma pressão exagerada em si mesma. Estabeleça metas mais realistas. Dê uma olhada no texto “Os 10 erros mais comuns de quem estuda inglês” para você já começar a fazer alguns ajustes no seu aprendizado.
Abraços a todos