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Gosto de contar histórias. Tenho o hábito de observar o comportamento humano porque acredito que nada acontece por acaso. Na semana passada, peguei um voo entre duas cidades dentro do estado de Minas Gerais. O avião era pequeno, mas a cordialidade e a simpatia da tripulação eram dignas de um A380.
Presenciei uma cena que suponho ser ainda bastante comum nas empresas aéreas regionais. Ainda pouco habituadas a receberem passageiros que não falam a língua portuguesa, as comissárias tiveram um pouco de dificuldade para atender duas passageiras que estavam três fileiras à minha frente. Eu não conseguia ouvir o diálogo, mas pude notar que a comunicação não fluía normalmente durante o serviço de bordo.
Em dado momento, ouvi uma das comissárias falar para a outra: “Mostra as caixas!”. A colega então fez um malabarismo para segurar umas 4 ou 5 caixinhas de chá para que as passageiras escolhessem uma das opções. Quem já viajou em aeronave pequena sabe muito bem que ela balança mais do que os jatos convencionais. Mais um ponto para a hábil comissária.
Tudo terminou bem, com sorrisos simpáticos de todas as partes, inclusive de outros passageiros mais próximos que se solidarizaram com o episódio.
Mas por que isso é assunto para o Tecla SAP? Acho que esse episódio pitoresco e sem maiores consequências esconde um problema mais grave. Temos ainda, infelizmente, lacunas importantes no ensino de língua estrangeira, e não me refiro apenas aos profissionais da área de turismo. Precisamos continuar nos esforçando para nos inserirmos definitivamente na economia mundial. Se não nos prepararmos para estes novos tempos, perderemos o bonde da história.
Cf. Expressões Idiomáticas: Perder o Bonde
É lógico que não saber como se diz “erva-cidreira” em inglês não vai causar grandes prejuízos a ninguém. Não haver, no entanto, nenhuma placa em inglês no aeroporto em que embarcamos – em cidade com mais de 300 mil habitantes! – a coisa muda de figura. Quer mais? A funcionária da empresa aérea que fez o check-in dessas mesmas duas passageiras só falava em português com elas, mesmo depois de perceber que eram estrangeiras. Repito: não houve maiores prejuízos para ninguém, pois as duas conseguiram embarcar normalmente e até tomaram o chá de sua preferência, mas essas são situações que demonstram que ainda temos um longo caminho a percorrer. É claro que não me refiro apenas à preparação para a Copa do Mundo de 2014. Devemos estar preparados para o século 21 inteiro!
Cf. Troca a placa!
Somente com nosso próprio esforço e empenho conseguiremos levar o Brasil a participar da economia mundial como protagonista. Devemos constantemente exigir de autoridades públicas e de instituições privadas educação de qualidade para todos e em todos os níveis para que não corramos o risco de sermos eternos figurantes nessa trama.
Publiquei o post “Chás em inglês (com tradução)” não só para ajudar as duas gentis comissárias daquele voo, mas principalmente para aqueles brasileiros que no dia-a-dia se esforçam, com criatividade e bom humor, para atender bem o visitante estrangeiro. Hospitalidade é com a gente mesmo! Só falta estudar um pouquinho mais de inglês e aí ninguém segura! 😉
Cf. Falsas Gêmeas: POLITE x EDUCATED
Cf. 7 motivos para você recomendar o Tecla SAP
Cf. Google +1 Button
Gostou da história? Críticas, sugestões e elogios são sempre muito bem-vindos! Comente!
[…] Cf. O malabarismo da comissária […]
Ulisses, achei seu texto ótimo (como seus textos geralmente são). Um amigo gerente de hotel publica a mesma vaga à recepcionista a meses (nas palavras dele, é difícil achar alguém que fale inglês razoável, seja proativo e não fume) apesar do salário estar muito acima do padrão da vaga. Considerando o USO do inglês hoje pelos mais diversos povos, penso ser fundamental para o TURISMO em qualquer parte. Você não é obrigado a falar inglês para trabalhar com turistas, porém qual o tipo de serviço que você quer prestar?
Ainda sobre a hospitalidade brasileira, já trabalhei em navio e sinceramente, se a pessoa é responsável e hard working, não tem nenhum povo que seja melhor host que nós.
Para finalizar, Severo disse:”Mas isso não é justo. Já passou da hora de o mundo globalizado ter uma língua neutra.” Eu não entendi. Qual seria essa língua neutra? Sinceramente acho ótimo que o inglês seja quase língua universal, porque finalmente na história, temos como nos comunicar (não estou dizendo que devemos todos falar absolutamente inglês e nem discutindo se comunicamos bem).
Inglês risível????? Nós brasileiros fazemos malabarismos (como as próprias comissárias de bordo do texto) para nos comunicarmos com turistas que não fazem a menor questão de aprender a nossa língua e ainda temos o inglês taxado de risível???? Isso sim pra mim é uma grande piada. Nós, brasileiros, sempre abrindo as pernas para os gringos, impressionante. Concordo totalmente com quem disse mais acima que “depois de tudo isso, aí sim seremos protagonistas e então poderíamos impor a nossa língua aos visitantes e consumidores, como os EUA fazem.” Apoio totalmente os profissionais de qualquer área que QUEIRAM aprender o inglês e se aperfeiçoar, sei que isso é um diferencial (eu mesma morei um ano nos EUA e sei que isso vai me ajudar profissionalmente). Mas colocar isso como imposição e diminuir a nossa língua, e consequentemente nossa cultura, é ridículo. Afinal, hotel tacanha é o que mesmo? É o hotel pequeno, é a pousadinha rústica, que recebeu esse adjetivo só porque os funcionários não falam inglês?
* população (sorry!)
Ulisses,
Concordo inteiramente com seu texto. Eu tenho tido contato com vários americanos que vem ao Brasi e todos eles são unanimes em apontar o inglês risível que se fala no segmento da hotelaria no Brasil. Eles dizem que até encontram sim pessoas com um com nível de inglês, más não trabalhando no setor hoteleiro e afins.
E olha que não estou falando de empresa aérea pequena e nem de hotéis tacanhos.
Um país que quer potencializar a sua capacidade turistica e ser destino certo dos maiores eventos internacionais sem dúvida precisa oferecer um serviço de qualidade. E possuir profissionais capazes de se comunicar razoavelmente em inglês é pré-requisito.
Abraço,
Muito bom o seu texto. Fui para o Cambodia dois meses atrás e descobri que o governo subsidia viagens para os guias turísticos (aqueles que vc negocia na rua mesmo) para que eles aprendam outras línguas. Tem até uns que falam português. Além disso, quase 100% da polução das Filipinas fala inglês. E em outro países da região também não encontro problema nenhum em me comunicar e achar placas e informações em inglês. Estamos atrasados sim no ensino e uso de línguas estrangeiras, não só para turismo mas para negócios também.
Ahhh… não falar inglês não é o fim do mundo. Acabei de voltar de Paris… e sinceramente, nego não fala inglês lá mesmo (pq não quer) e como não falo francês as coisas sempre eram na base da mímica e não me atrapalhou em nada. Em Bratislava na Eslováquia a situação é mais caótica… ninguém fala inglês MESMO e meu eslovaco… bem… digamos que fica bem longe do alemão que eu arranho tb. Não tinha como se comunicar e nem por isso deixei de curtir umas ótimas férias. O principal mesmo é não roubar os turistas como vi um taxista fazendo no galeão com um japonês, cobrando 90 R$ para uma corrida até o Catete.
Josende,
Tudo bem? Obrigado pelo comentário. Concordo que não falar inglês com o turista não é o fim do mundo. Concordo também que ser “assaltado” no táxi é bem pior. Em essência, acho que tratar mal os turistas, internos e externos, é burrice.
Engraçado você ter mencionado Paris no seu comentário. Quando fiz a observação a um amigo de que a moça do check-in falava em português com as passageiras estrangeiras, um amigo ali mesmo no aeroport me disse que na França era assim também. Minha reação na hora foi dizer: “Mas isso é problema da França, né?” Se você, um amigo ou parente resolver não ir passar as férias em Paris porque ouviu histórias desagradáveis é problema do Ministro do Turismo francês, certo? A meu ver, uma falha não justifica a outra.
Acho que temos que fazer o nosso dever de casa. Os benefícios são óbvios: mais empregos gerados aqui, mais grana que entra na nossa economia etc.
Abraços a todos
“Somente com nosso próprio esforço e empenho conseguiremos levar o Brasil a participar da economia mundial como protagonista.”
Não é falando inglês que vamos ser protagonistas.
Primeiro devemos nos tornar protagonistas por avanços sociais, econômicos, culturais, científicos e políticos.
Depois de tudo isso, aí sim seremos protagonistas e então poderíamos impor a nossa língua aos visitantes e consumidores, como os EUA fazem.
Mas isso não é justo. Já passou da hora de o mundo globalizado ter uma língua neutra.
Severo,
Obrigado pelo comentário. O texto fala de educação como um todo. A língua inglesa é só o pano de fundo da história.
“Devemos constantemente exigir de autoridades públicas e de instituições privadas educação de qualidade para todos …”
O maior obstáculo para o verdadeiro desenvolvimento é escassez de mão-de-obra qualificada, em todas as áreas.
Abraços a todos
Excelente post, concordo e assino embaixo. A nossa educação como um todo tem que mudar o quanto antes.
Marcelo,
Obrigado pelo comentário e pelo interesse no Tecla SAP. Volte sempre!
Abraços a todos
Ótimo post, parabéns ao Tecla SAP.
Trabalho no ramo hoteleiro e preocupo-me com a recepção dos futuros turistas que visitarão o Brasil até 2016. Afinal, tudo depende de comunicação.
Parafraseando-te: “Hospitalidade é com a gente mesmo! Só falta estudar um pouquinho mais de inglês e aí ninguém segura!”
ótima colocação, não precisa falar mais nada ;D
Thales,
Obrigado pelo feedback. Fico contente em saber que você gostou do texto.
Abraços a todos