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Mico da professora by Ulisses Wehby de Carvalho
O mico da professora de inglês
Essa história se passou com uma professora de inglês, uma jovem americana recém-chegada ao Brasil. Ela mesma me contou o episódio há muitos anos. Omito, como de costume, os nomes dos personagens por ser informação totalmente irrelevante.
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Ela havia acabado de dar uma aula para o diretor jurídico de uma conhecida empresa multinacional. Terminado o compromisso formal, ela começou a guardar os seus livros e se preparava para sair da sala do executivo. Talvez por ela ainda estar dando os primeiros passos na língua portuguesa, o brasileiro quis retribuir a gentileza ensinando algumas palavras de nosso idioma para ela. Os dois, portanto, começaram a conversar em português.
Ele, um advogado experiente, descrevia um problema qualquer que estava enfrentando naquele momento. Para mostrar que havia entendido a descrição dos fatos e que se solidarizava com ele, ela diz:
– Caralho! É foda mesmo!
Ele ficou meio sem jeito com a situação e perguntou:
– Onde você aprendeu isso?
Referência: Top 100 – As cem melhores dicas do Tecla SAP de Ulisses Wehby de Carvalho, ©Tecla SAP, 2014.
Na mesma hora, ela também se deu conta de que tinha falado algo impróprio. Também meio sem graça, ela rapidamente voltou ao terreno seguro de sua língua materna e perguntou:
– What did I say? [O que foi que eu disse?]
Quando ela ouviu a explicação em inglês do que havia dito, ela saiu como um foguete do escritório. Na aula seguinte, os dois riram do episódio e não houve maiores prejuízos para ninguém.
Cf. Como se diz “pra caralho” em inglês?
Mico semelhante em inglês
O que isso tem a ver com você? Muita coisa. Fenômeno semelhante ao que aconteceu com a professora americana em português pode acontecer com um brasileiro em inglês. Explico: é possível que, por falta de repertório em registros mais formais da língua inglesa, uma pessoa recorra a expressão informal e eventualmente chula para se expressar. Nem sempre, como no caso da professora acima, a outra pessoa sabe que quem pisou na bola o fez porque ainda não domina o idioma. A má impressão pode, em alguns casos, acarretar consequências negativas.
Por exemplo, expressões como What the fuck? e What the hell?, que podem ser traduzidas por “Que porra é essa?”, “Que merda é essa?” ou alternativas equivalentes, são ideais para certos contextos informais. Em outras situações, como em uma entrevista de emprego, no primeiro almoço na casa da sogra ou no jantar de gala em que você é apresentado ao presidente da empresa em que trabalha, nem preciso dizer que essas são formas a serem evitadas, não é? Não tenho nada contra palavrões, mas tudo tem sua hora e lugar. É óbvio!
É necessário ampliar o repertório
Não é todo mundo que conhece, por exemplo, o eufemismo heck. Leia a dica em “Qual é o significado de ‘HECK’?” para ampliar o seu repertório. Embora não seja um expressão elegante, What the heck? é alternativa mais branda em relação às duas apresentadas acima.
Situação parecida aconteceu com a jovem brasileira que conta a história em “Micos em inglês: IT’S FRICKING COLD!“. Repito: na maioria das vezes, as consequências não são graves, mas se a gente puder evitar uma saia justa, é sempre melhor, você não acha?
Cf. Como se diz “saia justa” em inglês?
Filtros nas legendas
O que talvez dê uma falsa sensação de que certas palavras e expressões em inglês são aceitáveis em qualquer situação é o abrandamento de termos chulos que ocorre nas legendas de filmes exibidos na televisão e no cinema. Essa atenuação do conteúdo é imposto pelas distribuidoras e exibidores. Os tradutores não têm nada a ver com esse filtro.
Prova disso é o que me escreveu um leitor do blog há algum tempo. Ele insistia comigo dizendo que shit não era “merda”. Para ele, shit era “droga” porque essa era a palavra que aparecia na legenda quando diziam shit nos filmes. Outro exemplo que reforça essa tese é um comentário no post “7 maneiras de dizermos ‘Cala a boca!’ em inglês“. Um leitor escreve sugerindo Shut the fuck up! como alternativa. A justificativa, de novo, é a de que essa é uma forma comum em séries de TV. Sinto muito, mas “Cala a boca!” não é tradução de Shut the fuck up!, mas “Cala a boca, porra!” ou “Cala a boca, caralho!” seriam. Embora “Cale a boca!” não seja exemplo de boa educação e requinte, Shut the fuck up! está ainda um pouco mais acima na escala Richter de grosseria.
Cf. Como se diz “Escala Richter” em inglês?
Para quem acha que “cocô”, “fezes”, “excremento” e “bosta” é tudo a mesma merda, lamento dizer: não é! Podem até ser termos sinônimos, mas cada um deles tem hora e lugar para serem ditos.
Palavrões em inglês sem censura! Só para maiores!
Este vídeo contém os principais palavrões da língua inglesa com tradução sem filtro! O conteúdo é dirigido ao público adulto que tem maturidade e discernimento para saber que não estou fazendo apologia ao uso de palavras e expressões vulgares. Não assista ao vídeo se você não se enquadrar nesse perfil.
Não se deixe iludir pelas traduções filtradas de legendas de filmes e séries! Lembre-se de que você tem controle sobre o que fala, mas não sobre o que ouve. Por essa razão, é muito importante conhecer o verdadeiro significado dessas palavras e expressões.
Curta, comente e compartilhe o vídeo com os amigos. Clique aqui e confirme para se inscrever gratuitamente no canal do Tecla SAP no YouTube. Bons estudos!
Conclusão
Não pense que as expressões informais que ouvimos em letras de música e filmes são aceitáveis e ficam “engraçadinhas” em qualquer situação. A recomendação é, sempre que houver dúvida, consultar um dicionário. Assim você fica sabendo qual é o significado exato da palavra ou da expressão e reduz bastante o risco de dar bola fora. Além disso, é necessário manter contato com o idioma sempre que possível. Leia mais sobre o tema nos seguintes posts:
- Vocabulário: Exposição
- Como aprender inglês com as séries de TV (É claro que se aprende muito com as séries de TV!)
- Aprender inglês com prazer é mais fácil
Conheça o programa “Textos Mastigados“, uma excelente ferramenta para você ampliar seu vocabulário de inglês.
Cf. Gloria Kalil, o Código Penal e o “Grammar Nazi”
Cf. Palavrões em inglês: FUCK / FUCK AROUND / FUCK UP
Cf. Xingar em inglês: de “Vá plantar batata!” a “Vá tomar naquele lugar!”
Speak up! We’re listening…
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Pela educação
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Referência: Top 100 – As cem melhores dicas do Tecla SAP de Ulisses Wehby de Carvalho, ©Tecla SAP, 2014.
[…] Cf. O mico da professora de inglês que você deve evitar […]
Obrigado, eu sou ”bom” em ingles, entao vim para o site para aprofundar meu conhecimento. Obrigado por um blog bom nessa area.
Amo… Sempre transparente e impecável… Parabéns pelo trabalho!!!
Kelli, tudo bem?
Muito obrigado pelo elogio. Volte sempre!
Abraços
Caralho, essa foi foda!
Anatê,
Obrigado pelo comentário. Os termos discriminatórios ofendem e, portanto, devem ser evitados em qualquer idioma.
Há exceções, é claro, mas, mesmo assim, devemos ter muita cautela. Você leu o post sobre “queer”? Ele elucida várias coisas.
Abraços
Gabriel, tudo bom?
Concordo plenamente com as suas observações. Daí o meu pedido de cautela no meu comentário anterior. Obrigado por contribuir com o debate. Volte sempre!
Abraços
I, also, am an English teacher. When I first moved to Brazil, I didn’t speak that much Portuguese. I just had learned some things from a book, and “on the street”.. So when there was yet ANOTHER problem that came up with my visa, I went to the Polícia Federal. When the attendant informed me that they lost my document, I said, “Eu não entendi!…isto é foda!” I thought that word meant something like how you use “droga”…. HOW EMBARRASSING. I’m glad they understood and didn’t throw me out!
By the way, to all Brazilians: PLEASE do not teach bad words to gringos, and tell them that it means something different. It really isn’t funny. It can really cause problems like Ulisses wrote. 😉
Kristen, thanks for stopping by and sharing that story with all of us. Take care
Haha..
Brazilians love to do that to “gringos”..
Hi Kristen..
My name is Ueritom and I also live in Florianópolis (São José, actually). I noticed that you usaully write for Denilso’s blog. I have a similar blog and would like to know if you are interested to write on it too. If so, let my know and I will send you contact information..
Thanks,
Ueritom
Certamente os dicionários também são “filtrados”, excluindo muitas destas expressões. Sugiro o UrbanDictionary.com para aquilo que não pode ser encontrado num Oxford, Longman ou Merriam Webster.
Fernanda, tudo bem? Como em qualquer ferramenta na Internet em que os usuários podem contribuir livremente, é preciso cautela porque assim como há gente interessada em ajudar de verdade, tem os espíritos de porco também. Abraços
Verdade, Ulisses..assim como qualquer outra ferramenta de livre edição e contribuição, como a Wikipedia.. 🙂
O pessoal adora aprender palavrões em qualquer idioma, parece que eles sentem fome de conhecimento por contexto sexual e palavrões!
Eduardo, tudo bem? Acho que é algo comum e perfeitamente compreensível. Abraços
Também acho compreensível porém, é interessante como eles se interessam mais pelos palavrões ou expressões de baixo-calão do que por qualquer outra coisa, como esse tópico chama tanta atenção deles!